Segundo o astrônomo Jorge Melendez, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e líder da pesquisa, um dos principais objetivos do estudo era comparar o nosso Sistema Solar com outros sistemas planetários. A descoberta foi publicada pela revista especializada "Astronomy & Astrophysics".
O que se encontrou ao redor da estrela HIP 68468 foi um sistema planetário bem diferente daquele que nos abriga. Isso porque, apesar de a massa dos planetas recém-descobertos ser comparável às da Terra e de Netuno, eles orbitam a uma distância muito próxima de sua estrela, o que sugere que os planetas tenham migrado de uma região mais externa para a região mais interna desse sistema planetário.
O super-Netuno, chamado de HIP 68468c, tem uma massa 50% maior que a do planeta Netuno. Mas enquanto o nosso Netuno fica bem distante do Sol (30 vezes a distância Terra-Sol), a órbita do novo planeta equivale a apenas 70% da distância Terra-Sol.
Já a super-Terra, chamada de HIP 68468b, tem uma massa equivalente a três vezes a terrestre e sua órbita equivale a apenas 3% da distância Terra-Sol, ou seja, fica quase grudada em sua estrela.
A estrela HIP 68468, que tem 6 bilhões de anos, fica a uma distância de 300 anos-luz de distância da Terra.
Planetas podem ser engolidos Além de constatar que esses planetas podem ter migrado de regiões externas para regiões internas do sistema, as observações também dão sinais de que a estrela HIP 68468 pode ter engolido um planeta. Um dos indícios de que isso tenha ocorrido é a presença de um excesso de lítio, elemento mais abundante nos planetas e pouco comum nessa quantidade em estrelas
E planetas recém-descobertos não estão imunes ao "apetite" de sua estrela. "Especialmente o planeta que está mais próximo [a super-Terra] pode ser facilmente engolido", diz Melendez. "Mesmo que sua órbita seja estável, o planeta está tão próximo de sua estrela que de qualquer jeito vai ser destruído. As estrelas, quando evoluem, vão aumentando de tamanho. Basta que essa estrela aumente um pouco seu tamanho para destruí-lo."
Comparação com Sistema Solar Segundo Melendez, observar esse sistema planetário em que existe uma migração dos planetas da área mais externa para a mais interna ajuda a entender a dinâmica do nosso Sistema Solar.
"Se os planetas migrassem no Sistema Solar, nosso planeta ficaria desestabilizado, com órbita caótica e risco de colidir com outro planeta, ser ejetado do Sistema Solar ou em direção ao Sol", diz o astrônomo.
Uma das propostas dos cientistas para explicar por que isso não acontece é a de que Júpiter atuaria como uma barreira que não permitiria que os planetas gigantes do Sistema Solar migrassem para as regiões mais internas. No sistema planetário descoberto, não existe um planeta equivalente a Júpiter.
"Isso reforça o papel importante que Júpiter desempenha para manter a arquitetura planetária do Sistema Solar, com planetas rochosos na parte interna e gigantes na externa", conclui Melendez.
Fonte:meionorte.com/noticias
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