Maria do Amparo Fernandes mora na Rua Petrópolis, na Vila Bandeirantes II, há mais de dez anos. Segundo ela, desde o ano passado que o abastecimento de água é interrompido diariamente, e só tem água nas torneiras durante poucas horas pela noite. "Desde fevereiro que só chega água de madrugada. A gente não dorme, esperando a água chegar para encher os litros. É complicado principalmente para quem tem idoso e criança em casa", ela conta. Somente na casa de Amparo, são dez crianças - incluindo uma de colo -, uma idosa e alguns adultos, sem falar nos cinco gatos que a família cria.
"A gente corre para encher os litros, os tambores. Só tem essa água para fazer tudo. Minha filha, mãe das crianças, leva as roupas para lavar em outro lugar porque aqui não dá. Antigamente era menos ruim, porque tinha um chafariz e a gente pegava água lá. Agora isolaram e não temos mais como", ela declara. A família tem que sanar todas as necessidades diárias com menos de 60 litros de água - quantidade que Amparo consegue armazenar em garrafas pet enquanto há abastecimento.
As dificuldades causadas pelo abastecimento descontínuo tem sido uma realidade nos últimos oito meses para as famílias daquela região. Isabel da Conceição Nascimento, da Rua Anajás, que cruza a Petrópolis, também tem problemas com o abastecimento. "Aqui a gente acorda de manhã cedo para lavar as roupas e encher a caixa d'água, mas tem de 30 a 40 minutos de água nas torneiras no máximo. Não falta o dia todo, mas vem só algumas horas por dia", ela conta. Isabel, que tem uma bebê de colo, diz que na casa vivem sete pessoas, e o que ameniza é o fato da maioria dos moradores trabalhar o dia todo fora e só voltar à noite.
Mais acima da mesma rua, a família de Jesce Araújo, que tem dois idosos deficientes e uma menina com esquizofrenia, também reclama da falta d'água. "Há oito meses que não temos banho de chuveiro porque a água não sobe. Antigamente o abastecimento era normal, hoje só chega fraca numa torneira baixa e tentamos juntar", Jesce relata. Ela afirma que a vizinhança já entrou em contato com a Agespisa, mas o problema nunca foi resolvido. "Temos que levantar à noite para encher a caixa e os litros. Além disso, todo dia compramos um galão de água mineral porque não podemos usar o filtro. Temos pessoas doentes e precisamos cuidar delas com essa água", Jesce enfatiza.
A Agespisa declarou em nota para o Jornal Meio Norte que a intermitência no abastecimento na região acontece devido à geografia do local, que é mais elevado. "Os moradores recebem água todos os dias, mas não o dia todo. A Agespisa estuda alternativas para reforçar o fornecimento de água na região. A empresa recomenda ainda o uso responsável da água, especialmente nas áreas mais baixas, medida que ajuda a equilibrar o sistema", a nota acrescenta. Recomenda ainda que para reclamações sobre vazamentos e falta de água, os usuários liguem 0800 086 8888, serviço que deve funcionar 24 horas por dia, inclusive nos feriados. A ligação é gratuita também de telefones celulares.
Fonte:jornal.meionorte.com
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