Há 20 meses, a dona de casa Maria Antônia da Silva espera a liberação do corpo da filha assassinada em 2015. Para a liberação são necessários os resultados dos exames de DNA que estão sendo feitos em outro estado e que nunca chegaram ao Instituto Médico Legal (IML) do Piauí.
"Eu já fui ao IML várias vezes e a resposta é que não chegou(sic) os resultados. Uma coisa que me deixa zangada lá é que fico na espera e nada sai. Ainda sou atendida com ignorância", contou a mãe.
A família da jovem, que morreu queimada, reclama da demora e da falta de resposta do IML, que não da previsão de quando o corpo deve ser liberado. "Todas as vezes que a gente vai lá é a mesma resposta, que os resultados não chegaram, mas que estão perto de chegar e que só depois disso é que entraram em contato da família para liberar o corpo", falou.
O diretor do Polícia Técnico-científica, Antônio Nunes, afirmou que existe a previsão para a construção de um novo prédio para o Instituto com a inclusão de um laboratório para a realização de exames de DNA. A obra foi orçada no valor de R$ 3 milhões. Sobre os exames atuais, o diretor afirmou que as amotras estão sendo encaminhadas para laboratórios conveniados em outros estados.
De acordo com o Sindicato dos Peritos do Piauí (Sindiperitos/PI), 99% dos casos que tem a necessidade de exames de DNA estão suspensos por conta da falta de um laboratório no estado.
Segundo ela, todo o material que é coletado para a realização dos exames é apenas guardado. A análise não é feita por falta de pagamento para a empresa que fornecia os kits de coleta, além da falta de pessoal e de um laboratório próprio.
"O Piauí é um estado que não tem laboratório para realizar tal atividade. Todo o material é enviado para o estado de Pernambuco, mas a falta de pagamento de diárias e passagens, além da falta de pessoal está afetando o andamento desses casos que necessitam de exames de DNA. Nós temos apenas duas peritas que realizam análises, uma está de licença maternidade e outra está na reta final de sua gravidez", contou.
De acordo com Julieta Castelo Branco, a falta de profissionais aliada a problemas de infraestrutura evidencia o nível de sucateamento do Instituto de Criminalística do estado, que não consegue atender à alta demanda do judiciário por perícias.
"Os laudos são imprescindíveis para a elucidação de crimes, mas com a falta de pessoal, de estrutura e ausência de polos nas cidades do estado acaba afetando o nosso trabalho e o trabalho do judiciário no andamento dos processos que necessitam de perícia. A situação do Instituto de Criminalística é caótica', disse.
Ainda segundo a diretora, em alguns setores como o de entorpecentes possuem apenas dois peritos."Temos dois profissionais para uma demanda gigantesca de todo o Piauí. Um fica responsável pelos laudos do interior e outro da capital, praticamente impossível. Dessa forma não conseguimos atender aos pedidos judiciais com aqueles processos que necessitam de um resultado mais rapidamente", relatou.
Outro problema é a falta de polos nas cidades mais afastadas da capital. "Quando ocorre um crime na cidade de Corrente, por exemplo, ficamos sem ter como atender a demanda, já que são 874 km ao Sul de Teresina. Em Picos, nós só temos quatro peritos e eles não conseguem seguir sequer a escala de plantão. Diariamente acompanhamos casos que deixam de ter a investigação necessária por falta de perícia. Os prejuízos à população são infindáveis. Além da carência de peritos, faltam laboratórios de DNA e Toxicológico, equipamentos, e até mesmo veículos para deslocar as equipes", denunciou.
Fonte:g1.globo.com/pi/piaui
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