A Turquia e a Rússia fizeram um acordo de cessar-fogo por toda a Síria que deverá entrar em vigor à meia-noite, segundo afirmou a agência turca Anadolu nesta quarta-feira (28).
O plano visa estender o cessar-fogo, já instaurado em Aleppo, por todo o país, mas exclui os "grupos terroristas", disse a agência.
Se for bem sucedido, servirá como base para as negociações políticas entre o regime sírio e a oposição que Moscou e Ancara querem organizar em Astana, capital do Cazaquistão.
A agência não informa onde e como o plano foi negociado, mas nas últimas semanas aconteceram reuniões entre Turquia, Rússia e representantes da oposição síria em Ancara.
Desde o início da guerra na Síria, Rússia e Turquia manifestavam posições contrárias. Enquanto Moscou apoiava de modo veemente o regime de Bashar al-Assad, Ancara respaldava a oposição e pedia a saída do poder do presidente sírio.
Mas nos últimos meses, depois de superar a crise provocada pela derrubada de um caça russo pela Turquia na fronteira sírio-turca, os dois países iniciaram uma cooperação estreita na Síria.
A Turquia permaneceu em silêncio durante a ofensiva das tropas sírias, apoiadas pela aviação russa, contra o reduto rebelde no leste de Aleppo, que permitiu ao regime conquistar a totalidade da segunda maior cidade do país.
Vista aérea, antes da guerra, de Aleppo, palco de conflito que já matou dezenas de milhares de pessoas (Foto: Arquivo Nacional de Aleppo/ BBC)
EUA
Em setembro, começou a valer o acordo para cessar-fogo na Síria, anunciado por Estados Unidos e Rússia na sexta-feira (9) - e aprovado pelo governo sírio.
Na ocasião, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, que apoiam lados opostos na guerra, anunciaram a trégua durante uma reunião em Genebra, na Suíça, com o objetivo de encontrar uma solução política para a crise da Síria. O país vive em guerra há cinco anos e já registrou mais de 290 mil mortes neste período.
Os EUA apoiam os rebeldes moderados e curdos que lutam na Síria, além de liderar a coalização internacional que bombardeia alvos do Estado Islâmico no país. A coalização liderada pelos EUA defende o fim do regime do presidente Bashar al-Assad.
A Rússia, por sua vez, é aliada do governo sírio. Mas tanto a Rússia quanto os EUA têm um alvo em comum: os extremistas do Estado Islâmico. O EI perdeu um terço de seus territórios, conquistados em 2014: agora controla apenas 20% do Iraque e 35% da Síria, um total de 150.000 km² habitados por 4,5 milhões de pessoas.
Guerra na Síria
Mais de 290 mil pessoas morreram na guerra civil que começou há 6 anos. Os EUA apoiam os rebeldes moderados e curdos que lutam na Síria, além de liderar a coalização internacional que bombardeia alvos do Estado Islâmico no país. Já a Rússia apoia o Exército do presidente Bashar al-Assad.
Uma trégua anunciada em fevereiro entre os inimigos da Guerra Fria entrou em colapso e diálogos de paz ruíram, com o governo sírio e a oposição fazendo acusações mútuas de violações. Os confrontos têm crescido desde então no país, particularmente na cidade dividida de Aleppo, onde os avanços de ambos os lados cortaram suprimentos, energia e água para cerca de 2 milhões de moradores de áreas pró-governo e favoráveis aos rebeldes.
A cidade está dividida em duas desde julho de 2012: a leste ficam os bairros rebeldes e a oeste os bairros controlados pelo regime. Os bombardeios de aviões do regime sírio e de seus aliados russos são lançados diariamente. O regime é acusado pela Defesa Civil da Síria, uma organização de agentes de resgate que opera em áreas controladas por rebeldes, por lançar bombas-barril contendo gás cloro em Aleppo.
Em agosto, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou sobre o que chamou de uma "catástrofe humanitária" sem precedentes em Aleppo.
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