A pequena cidade de União, no Piauí, foi a que mais perdeu vagas de emprego no país.
Paulo está desempregado há quase três meses. Pai de duas filhas, o operário da construção civil só pensa em deixar a família pra procurar emprego bem longe de casa.
"É o jeito, porque eu não peguei seguro esse ano, aí o pouquinho que tinha a gente já está gastando, acabando de gastar já", diz Paulo Silva, desempregado.
Paulo vive em União, cidade do Piauí a 50 quilômetros de Teresina. As vagas de trabalho estão desaparecendo na cidade.
Em outubro, União teve 1.257 demissões. Isso significa o fechamento de praticamente um terço dos empregos formais da cidade.
Foi um recorde para o mês. União virou o município com a maior perda de vagas em todo o Brasil.
Uma empresa do setor canavieiro, que é a maior empregadora da região, chegou a demitir mais de 900 funcionários de uma só vez. A explicação foi o período de entressafra que começou mais cedo.
"O trabalhador que deveria ter ficado conosco por seis meses, ficou apenas por quatro meses. Antecipou por conta da redução da cana de açúcar, por conta da seca", explica Hélio Carli, gerente de recursos humanos.
As obras na cidade pararam por causa da crise econômica. Na construtora que o ex-servente, Francisco da Silva, trabalhava, 70 funcionários foram demitidos."A gente anda procurando e a resposta que dão é que os que já estão empregados estão é colocando para fora".
O resultado dessas demissões é um saldo negativo também no comércio. Neste ano houve uma queda de quase 20% na arrecadação do ICMS na cidade: R$ 911.367,44.
"As vendas caíram muito e não é só aqui não, é em todo o comércio. Todos nós que trabalhamos no comércio estamos muito sentidos com isso aí. E não pode botar um funcionário, quem tem tá tirando, porque não pode pagar", comenta Verônica Lima, comerciante.
Fernando Veras era dono de três lojas, fechou uma e teme não parar por aí. "A nossa 'perca' aqui é em torno de 40 a 50% de venda, tamo tentando o máximo possível pra se manter com as portas abertas e acredito que continuando da mesma forma, de janeiro pra frente, talvez nós venha a fechar mais uma".
A prefeitura diz que a cidade está em uma situação crítica e que tem procurado soluções para estimular a economia local.
"A prefeitura procurou criar, ao longo dos anos, cursos de capacitação de pessoas para que 'eles' pudessem se inserir no mercado de trabalho e assim diminuir a quantidade de desemprego e, ao mesmo tempo, a prefeitura teve a preocupação de fazer pagamentos de salários do seus servidores em 'dias' pra poder esse dinheiro gerar mais emprego no comércio e nas outras instituições que dependem da inserção desses valores no mercado", declara Lourival da Silva Lopes, assessor especial da prefeitura.
Fonte:g1.globo.com/jornal-da-globo