O Departamento de Polícia Técnico-Cientifica (DPTC) divulgou, nesta quarta (25), que Francisca Alice Silva Barreto, de 10 anos, não morreu por intoxicação, mas vítima de uma pneumonia. Os laudos constataram, ainda, que ela foi estuprada. A menina participou de rituais de magia e faleceu em abril de 2016. Os laudos já estão sob poder da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.
O médico legista e diretor adjunto do Instituto de Medicina Legal, José Luís Castelo Branco, foi o responsável pela determinação da causa da morte da criança. Segundo ele, a menina morreu vitima de infecção generalizada por complicações de uma pneumonia.
"O que soubemos pelos autos do processo é que ela já possuía um antecedente de pneumonia, e que as bactérias desta infecção podem ter se espalhado por todo o corpo, causando insuficiência de múltiplos órgãos. Os pulmões e o fígado apresentaram sinais de hemorragia e inflamação, assim como o estômago, além de edema encefálico", disse o médico.
Segundo o diretor do DPTC, o médico legista Antônio Nunes, a análise do líquido foi realizada em três locais: o laboratório LACEN e os laboratórios de química da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e do Instituto Federal do Piauí (IFPI). Ele destacou que a análise da "garrafada" não indicou presença de microorganismos e nem de material tóxico.
"Todos os componentes, como flavonóides (pigmentos de cor amarela), mangiferina (presente no fruto da magueira) e ácidos fenólicos (presentes em diversos alimentos) não existiam em quantidade suficiente para intoxicar essa menina. Tanto o material puro quanto diluído continha essas substâncias em quantidade inferior a 10%. Podemos constatar que o líquido não teve qualquer influência na morte da garota", explicou.
Nunes destacou que o IML e o Departamento não poderão concluir sobre a existência ou não de fato criminoso. Contudo, com a informação de que a menina não foi vítima de intoxicação, anula-se a hipótese de homicídio por envenenamento. Ainda assim, as complicações da pneumonia podem indicar negligência.
José Luis Castelo Branco, médico legista; Janiel Guedes, diretor do IML e Antônio Nunes, diretor do DPTC.
Foto: Wilson Filho/Cidadeverde.com
Contudo, um último laudo deverá oferecer base para uma nova investigação: o de conjunção carnal. O diretor informou que os exames constataram ação contundente na região anal da criança, confirmando um estupro presumido, já que Francisca Alice tinha menos de 14 anos.
"Infelizmente não teremos como indicar um suspeito, porque fomos acionados 14 dias após o início do caso, em que a menina foi internada, não havia mais material genético para ser analisado. Pudemos concluir apenas que ela foi vítima de estupro", disse.
Um outro fato criminoso que os exames apontaram foi a tortura e emprego de meio cruel. A menina apresentava cicatrizes em formas de cruz nos braços e pequenos cortes paralelos aos desenhos.
"Não há dúvidas de que os cortes apresentam um padrão, foram cicatrizes causadas por cortes intencionais. O significado disso nós não temos como saber, a polícia deverá buscar esclarecer, mas o que podemos constatar pelos exames é que causar esse tipo de lesão em uma pessoa viva é uma tortura e uma crueldade", finalizou.
À época do caso, a mãe da menina informou que levava a criança a rituais em busca de uma cura para problemas respiratórios. Lá, Francisca Alice teve os cabelos raspados, sofreu os cortes e teve de beber a "garrafada", que prometia livrá-la da doença. A criança morreu no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
Fonte:cidadeverde.com/noticias
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