Em Teresina, somente este ano foram atendidas 478 crianças vítimas de acidentes de trânsito, com idade entre 0 e 12 anos. Deste número, 226 crianças foram vítimas de acidentes com moto, 121 com bicicleta, 86 de atropelamento, 43 de carro, uma de ônibus, e uma com outros veículos. O dado alarmante foi divulgado, nesta segunda-feira (4), pelo Hospital de Urgências de Teresina (HUT) e é baseado no número de atendimentos, levando em consideração as principais causas da entrada de crianças na unidade hospitalar.
Por dia, pelo menos uma criança dá entrada no HUT vítima de acidente. (Foto: Arquivo/O Dia)
De acordo com o diretor geral do HUT, Gilberto Albuquerque, as crianças ficam mais vulneráveis em acidentes, pois muitas se tornam vítimas pela falta de cuidado dos pais ou responsáveis. Segundo ele, muitos pais trafegam com a quantidade de pessoas acima do permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e sem usar os equipamentos de proteção individual, como o capacete. Levar as crianças na frente do condutor em motocicletas é outro fator que auxilia no aumento do número de acidentes envolvendo menores.
"Alguns pais carregam muitas pessoas em uma mesma moto e ainda carregam crianças na frente, e quando tem um acidente, a criança é a primeira a ser atingida pelo impacto", relata o diretor do HUT. Além disso, as crianças não têm coordenação motora suficiente para se proteger de uma queda, como no caso de acidentes envolvendo motocicletas. Portanto, a possibilidade de que o pequeno saia com lesões, sequelas graves e irreversíveis ou até a morte, é maior do que em um acidente envolvendo uma pessoa adulta.
Por dia, pelo menos uma criança dá entrada no HUT vítima de acidente. (Foto: Arquivo/O Dia)
Em caso de acidentes, as principais sequelas observadas nas crianças são as cicatrizes e fraturas que podem levar a alguma deformidade, além das sequelas neurológicas decorrentes de traumatismos cranianos. De acordo com o pediatra e gerente da clínica pediátrica do HUT, Antônio Lopes, o fato das crianças serem mais vulneráveis do que os adultos pode ser explicado também pela fragilidade óssea, aumentando a probabilidade de lesões mais graves. "Na rotina da emergência pediátrica os atendimentos menos graves de crianças envolvidas em acidentes de trânsito são as fraturas de membros", disse o pediatra.
Com relação às crianças envolvidas nos acidentes com motocicletas, mais especificamente, Antônio Lopes faz um alerta aos pais e responsáveis. "Quanto menor a criança maior é o peso da cabeça, portanto numa queda de moto a tendência é que a cabeça da criança se choque primeiro que o resto do corpo no solo. Isso causa um trauma de crânio na maioria das vezes irreversível. Principalmente, por a criança ainda possuir suas estruturas ósseas em formação o impacto tem muito mais chance de ser inclusive fatal", alerta.
Por dia, pelo menos uma criança dá entrada no HUT vítima de acidente. (Foto: Arquivo/O Dia)
Rosane Ferreira que acompanha o filho, Y. J. F., de 4 anos, vítima de atropelamento, relata que ele estava na frente de casa quando um homem embriagado pilotando uma motocicleta invadiu a preferencial e o atropelou. "Foi um momento muito difícil. Quando vi meu filho no chão pensei que ele tinha morrido, mas agora o pior já passou", comenta.
Quando se inclui crianças e adolescentes o número de atendimento de acidentes de trânsito é ainda maior. Até 30 de novembro deste ano foram registrados 1.046 atendimentos de crianças menores de 17 anos. De acordo com Gilberto Albuquerque, os acidentes ocorrem em maior número durante os finais de semana, devido à associação da direção com o consumo de bebidas alcoólicas.
"A maioria desses adolescentes estavam pilotando motos ou dirigindo os carros dos pais ou responsáveis. O mais preocupante ainda é que muitos tinham ingerido bebida alcoólica. É preciso que todos tenham consciência da responsabilidade de se obedecer as leis de trânsito para não causar lesões para si e para o próximo", comenta diretor do HUT, Gilberto Albuquerque.
Por mês o HUT atende uma média de 4 mil pessoas e realiza mais de mil cirurgias. Os acidentes com moto continuam como o primeiro motivo de procura por atendimento, representando 17% do total, seguido por mal subido e dor no olho.
Setor de Urgência Infantil do HUT. (Foto: Arquivo/O Dia)
Por: Nathalia Amaral, com informações da PMT.Visitas: 1622619
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