Duas igrejas de municípios do sul do Piauí foram alvos de assaltantes durante o feriado de carnaval. Em Floriano, a 247 km de Teresina, o templo da Comunidade São Sebastião teve vários objetos furtados e foi incendiada na última segunda-feira (12). Já em Ladri Sales, a 383 km da capital, a igreja do centro teve a imagem do Cristo Crucificado quebrada.
De acordo com informações da imprensa local, em Floriano, os assaltantes na igreja após destelhar e quebrar uma parte do forro de gesso. Do local foram roubados microfones, sistema de som, objetos litúrgicos, o sacrário e a imagem do Santíssimo.
Em seguida, eles atearam fogo no templo, o que destruiu a sacristia e parte do altar da Igreja de São Sebastião. O Corpo de Bombeiros foi acionado e contou com a ajuda de moradores da região para apagar o incêndio.
Em nota, o bispo Dom Edivalter Andrade afirmou que o templo e a Eucaristia foram profanados e que a violência está fora do controle das autoridades. "Isto nos entristece como nos entristece também perceber o crescimento da violência praticada em todos os níveis da sociedade e reforçada por um sistema político e econômico injusto que vigora em nosso país, tornando ainda mais distante o dia da paz", disse.
Após a restauração do templo, do sacrário e do crucifixo, será celebrada uma missa de desagravo e reinstalada a Capela do Santíssimo, com a devida reposição dos demais símbolos religiosos em Floriano.
Leia a nota na íntegra
Nos últimos dias do feriado prolongado de carnaval, nós católicos da cidade de Floriano-PI, Landri Sales-PI, e de toda a Diocese de Floriano, fomos surpreendidos com os ataques criminosos ao templo da Comunidade São Sebastião, no Conjunto Pedro Simplício, a profanação da Eucaristia nesta mesma igreja e a destruição da imagem do Cristo Crucificado do Santuário localizado no centro da cidade de Landri Sales.
Estes fatos nos fizeram recordar recentes acontecimentos de repercussão nacional que revelaram a degradação moral que marca a história recente do nosso país com suas consequências na política, na economia e na religião.
Mais uma vez temos que manifestar nossa tristeza, indignação e nosso repúdio diante da total falta de respeito aos símbolos sagrados da nossa fé e constatar que a violência está fora do controle das autoridades.
Os ataques sofridos pelos católicos da Diocese de Floriano no tratamento desrespeitoso de seus objetos sagrados revelam mais uma triste face da violência que é ainda mais grave e preocupante quando atinge o ser humano que é a imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,27), templo de Deus e morada do Espírito Santo (cf. 1 Cor 3,16).
O templo e a Eucaristia foram profanados e isto nos entristece como nos entristece também perceber o crescimento da violência praticada em todos os níveis da sociedade e reforçada por um sistema político e econômico injusto que vigora em nosso país, tornando ainda mais distante o dia da paz.
Contudo, não perdemos a esperança. Continuaremos no caminho do seguimento de Jesus, Príncipe da Paz, que nos recomenda como remédio para combater o mal, o amor que Ele tem por todos nós e que manifestou até mesmo aos seus algozes. O Cristo desrespeitado e agredido na Eucaristia e no Crucifixo destruído, está sendo também desrespeitado e agredido nas pessoas e, mais ainda nos pobres e excluídos com seus direitos negados e sua dignidade humana violada.
Como seguidores de Jesus, não nos cabe erguer a bandeira do ódio. Cabe a nós o amor incondicional que não é fácil, mas é possível praticar.
Por isso, assumiremos com muito empenho a Campanha da Fraternidade 2018 com o tema "Fraternidade e Superação da Violência" e o lema "Vós sois todos irmãos" (Mt 23,8). Assim esperamos, com toda a Igreja, "construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência" (Texto Base CF/2018).
Aos párocos Pe. Nylfrânyo, Pe. Ivam e ao Povo de Deus das Comunidades São Sebastião e Santa Cruz nossa solidariedade e, pelos malfeitores, a nossa prece suplicante para que a Misericórdia de Deus os alcance. Rezemos também para que nós mesmos, cristãos e cidadãos brasileiros, saibamos dar nossa corajosa contribuição na construção de uma sociedade com menos exclusão, mais acolhimento e oportunidades de crescimento para todos, a fim de que a violência e todo mal sejam cortados pela raiz.
Ao término da restauração do templo, do sacrário e do crucifixo - o que deverá acontecer também com a nossa ajuda - celebraremos uma missa de desagravo e reinstalaremos a Capela do Santíssimo com a devida reposição dos demais símbolos religiosos.
Com a ternura de Cristo, o meu abraço a todos e todas!
Dom Edivalter Andrade, Bispo Diocesano.
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