Mais cinco pessoas morreram e 200 ficaram feridas em ataques de mísseis e bombas pró-governo nesta quarta-feira (21) na região de Guta Oriental, reduto rebelde nos arredores de Damasco, na Síria.
Moradores do enclave, que abriga mais de 400 mil pessoas cercadas e vivendo em péssimas condições, disseram estar "esperando sua vez de morrer". É o quarto dia de fortes ataques ao local, alvo de um dos bombardeios mais pesados em sete anos da guerra, que deixou ao menos 250 mortos em 48 horas, segundo um órgão de monitoramento do conflito. Entre as vítimas estão 60 crianças.
O ritmo dos bombardeios pareceu diminuir durante a noite, mas sua intensidade foi retomada na manhã desta quarta-feira, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Nas localidades de Arbin e Ain Turma, as forças governamentais lançaram barris de explosivos, uma arma denunciada pela ONU e diversas ONGs, relata o OSDH.
Os bombardeios também provocaram muitos danos, em particular em hospitais, que ficaram sem condições de funcionar.
Ofensiva
A nova campanha aérea contra Guta Oriental começou no domingo, após a chegada de reforços para uma ofensiva terrestre que ainda não teve início.
O governo quer reconquistar esta região, a partir da qual os rebeldes lançam projéteis contra Damasco.
Guta Oriental é o último reduto controlado pelos rebeldes perto da capital síria.
Segundo o jornal "Al Watan", ligado ao governo, os bombardeios "são o prelúdio de uma operação terrestre de grande envergadura que pode começar a qualquer momento".
'Crimes de Guerra'
A oposição no exílio denunciou uma "guerra de extermínio" e criticou o "silêncio internacional" a respeito dos "crimes" do regime de Bashar al-Assad na guerra que começou há quase sete anos.
Na terça-feira (20), a ONU pediu o fim imediato dos ataques contra civis em Guta oriental.
Também na terça, a Anistia Internacional afirmou que os ataques constituem crimes de guerra e pediu ação imediata da comunidade internacional. "O Governo sírio, com o apoio da Rússia, está atacando de forma proposital seu próprio povo em Guta Oriental", afirmou a pesquisadora da AI sobre a Síria, Diana Semaan, em comunicado.
Semaan lamentou que "a comunidade internacional tenha permanecido junto ao Governo sírio" desde o início do conflito e lembrou que as autoridades do país árabe "cometeram crimes contra a humanidade e de guerra com total impunidade".
Na sua opinião, o Conselho de Segurança da ONU deve fazer cumprir com suas próprias resoluções, que pedem o fim dos assédios em áreas civis e os ataques contra a população, assim como o acesso humanitário sem impedimentos.
"Os membros permanentes (do Conselho de Segurança), incluída a Rússia, não deveriam bloquear as medidas para pôr fim e reparar o grande número de atrocidades", indicou.
Em consequência, Semaan ressaltou que é "imperativo" que o Conselho de Segurança mande uma mensagem contundente de que não haverá impunidade para aqueles que perpetrem crimes de guerra e contra a humanidade.
Fonte: G1Visitas: 1624335
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