Os juros cobrados pelas instituições financeiras no cheque especial registraram pequeno aumento em janeiro, informou o Banco Central nesta terça-feira (27). A taxa média dessa modalidade ficou em 324,7% ao ano no mês passado, 1,7 ponto percentual acima do verificado em dezembro do ano passado (323% ao ano).
Já os juros médios das operações com cartão de crédito caíram e ficaram em 327,9% ao ano em janeiro. Em dezembro, estavam em 334,6% ao ano.
No ano passado, o Banco Central anunciou novas regras para o cartão de crédito. Desde então, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo de 15% do cartão por um mês. Na fatura seguinte, o banco não pode mais rodar a dívida: o cliente paga o valor total ou precisa parcelar a dívida em outra linha de crédito, com o juro mais barato.
Desde então, a taxa de juros do cartão, que estava em cerca de 500% ao ano no fechamento de 2016, vem caindo. Entretanto, ainda permanece acima dos 300% ao ano, uma das mais altas do mercado.
No caso do cheque especial, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou, no mês passado, que a autoridade monetária estuda "várias coisas" visando a queda das taxas cobradas pelos bancos.
A recomendação de economistas é que os clientes bancários não utilizem essas modalidades de crédito ou que as utilizem por um período de tempo muito limitado. Eles recomendam a busca por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado - em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.
Juros bancários médios
De acordo com o Banco Central, os juros médios nas operações de crédito com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) registraram aumento em janeiro deste ano. Passaram a 41,1% ao ano , contra 40,3% ao ano verificado em dezembro do ano passado.
Também subiu, no começo deste ano, a taxa média das operações com pessoas físicas: 55,8% ao ano em janeiro, contra 55,1% ao ano em dezembro de 2017.
No caso dos empréstimos para as empresas, também com recursos livres, a taxa somou 22,3% ao ano em janeiro, alta de 0,7 ponto percentual na comparação com o fechamento de 2017 (21,6% ao ano).
O aumento das taxas médias cobradas pelas instituições financeiras aconteceu apesar do recuo dos juros básicos da economia desde outubro de 2016. No começo de fevereiro, atingiram a mínima histórica de 6,75% ao ano. A expectativa do mercado, até o momento, é de que esse seja o último corte de juros do ciclo.
A alta dos juros bancários acontece em um cenário de aumento da inadimplência, que passou de 4,9% em dezembro para 5% em janeiro, considerando inadimplência geral (pessoas físicas e jurídicas) nos empréstimos com recursos livres.
Se consideradas apenas pessoas físicas, a inadimplência ficou estável em 5,2%. No caso das empresas, porém, passou de 4,5% em deembro para 4,8% em janeiro.
Spread bancário sobe
Como os juros bancários avançaram no começo deste ano, em um momento de queda da taxa Selic, o chamado "spread bancário" (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) também subiu no início de 2018.
No caso das operações com pessoas físicas, o "spread" avançou 1 ponto percentual em janeiro, para 47,2 pontos. Esse índice ainda é elevado quando comparado à média praticada pelos bancos em outros países.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros. No ano passado, o lucro dos maiores bancos cresceu 14,6%.
Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários - Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - detinham, no fim de 2016, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país e também 76% dos depósitos.
Fonte: G1Visitas: 1621661
Usuários Online: 1