O morador de rua João Felipe Ferreira da Silva, de 30 anos, mais conhecido como Gaguim, faleceu na tarde da última quarta-feira (16/02) e desde então seu corpo não foi liberado pelo Hospital de Urgência de Teresina. Ele recebia assistência da ordemGRATIDAO, de Eugênio Segundo, e a entidade está acompanhando o caso de perto para tentar resolver o problema.
Inicialmente a ordem e a família de Gaguim foram informados que o corpo não foi liberado porque o diretor ou responsável não estava. Depois o documento para liberação foi preenchido errado, o que tem prejudicado a liberação.
Essa não é a primeira vez que o hospital, administrado pela Prefeitura de Teresina, repete situações como esta para liberação de corpos.
A família e amigos aguardam há quase 48 horas a liberação do corpo para que enfim ele possa ser sepultado.
Eugênio Segundo, que era amigo de Gaguim, organizou uma estrutura na Praça Vereador Tarso Carvalho, no bairro Ilhotas, Zona Sul de Teresina, para que o velório acontecesse, mas ela até agora não foi usada porque o corpo não foi liberado.
Gaguim passou mal na rua na manhã de quarta e foi encaminhado pelo Samu para o HUT, onde faleceu no final da tarde. Até esta sexta não há informações sobre a liberação.
Família constrangida
Sérgio Carlos, tio de Gaguim, comentou com o 180 sobre o sofrimento da família com a situação.
"É um constrangimento, a gente achava que quando chegasse lá ia resolver tudo rápido, mas ai teve esse problema, que eles erraram o nome, erraram a data de nascimento, preencheram e mandaram para a geladeira do HUT, só que para tirar de lá, quando chegou os documentos dele, não bate e não tira de lá", afirmou.
"O que a assistente social fala é que está na geladeira, é como se fosse um pedaço de carne lá e quando tivesse que tirar para fazer... A família quer enterrar. Apesar dele viver em situação de rua, a família quer um enterro digno. O Eugênio Segundo disse que ia fazer o enterro e a família aceitou, mas está ai esse problema. Ontem ficaram ganhando tempo até chegar um horário que não dava mais para resolver nada e que só revolvia hoje, mas ainda não tivemos nenhuma resposta", completou.
Advogado lamenta descaso
O advogado Rony Torres, do Grupo Eugênio, afirmou que vários equívocos foram cometidos pelo hospital.
"Tendo em vista o relato dos familiares, foi realizado um procedimento totalmente atípico no preenchimento do boletim do falecido. Informaram que ao chegar para identificar o corpo o boletim já havia sido preenchido pelos funcionários do hospital com informações, errôneas, fornecidas pelo paciente enquanto em vida", disse.
"Ao tentar corrigir a situação, apresentando documentos, se viram impedidos pelo médico responsável, no que lhes foi recomendado então procurar o diretor ou plantonista responsável, para que a família pudesse liberar o corpo e prestar as devidas homenagens. Mais uma vez lhes foi prontamente negado, pois o 'responsável' não estava e não lhes deram maiores informações de como resolver o caso. No que então registraram um BO, e retornaram ao hospital, que informou que liberaria somente no dia 18/02 pela manhã. Neste dia lhes foi negada a liberação novamente", completou o advogado.
"Apesar de sabermos que o hospital deve seguir rigorosas medidas de fiscalização e liberação, é necessário entender que é um momento difícil para a família e que a falta de informação, ignorância e brutalidade com que os funcionários trataram a família humilde, que somente desejava realizar o velório de seu ente, vai contra tudo que a legislação pátria prega sobre o bom funcionamento de entidades públicas. Existe, inclusive, precedente de indenização moral no TJDF pela demora, injustificada, na liberação de corpo no processo 2011.01.1.229.759-3", reiterou.
"Acredito que o mais correto seria abrir procedimento investigativo para apurar se a conduta dos funcionários se coaduna às diretrizes do hospital, e se por qualquer meio não poderiam ter facilitado a liberação do corpo para que a família pudesse prestar as devidas condolências", concluiu.
FONTE; 180 GRAU.
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